sábado, maio 23

O mundo é um bidé

Ando virada para as modernices. Não quis ficar atrás da Alberta Marques Fernandes, e pimbas, vai de criar conta no twitter. Ela recebeu o tal hambúrguer, mas eu estava a ver se me safava com um televisor ou uma cómoda do ikea - que são coisas que até me estão a fazer alguma falta.

Entre blogs, twitter, facebook e mails, desdobro-me numa esquizofrenia electrónica, e à boa maneira pessoniana, continuamente sou eu e continuamente me estranho.

No facebook - a melhor fonte de testes parvos do planeta, adicionei há tempos um colega da primária. Só porque sim. Porque de lá para cá não troquei uma única palavra com ele. Mas está lá, a fazer número. E no outro dia, tive de aceitar meio a contragosto, o pedido de amizade de um ex namorado - o que é uma chatice, porque honestamente quem é que quer andar a seguir ex-namorados?! Ainda para mais quando foram daqueles de quem nos custámos a livrar.

Mas o facto é que estamos cercados. Toda a gente se conhece neste quintal à beira mar plantado. Ou conhece alguém que por sua vez nos conhece a nós. Não é de admirar que nunca, mas nunca, tenha conhecido alguém verdadeiramente novo através destas redes sociais. E os tarados não contam, porque esses são logo bloqueados. Andamos sempre a tropeçar nas mesmas pessoas. Se não soubesse melhor, diria que o planeta terra é na verdade uma qualquer caderneta em que nos saem sempre os mesmos cromos e onde ninguém tem novos para a troca.


Este pensamento aborrece-me de morte. Vem-me à memória aquele filme em que o Bill Murray vive vezes sem conta o mesmo dia, o Groundhog Day ou a aldeia global do Marshall McLuhan. Nem na Conchichina se consegue escapar.

Uma pessoa, que a dada altura conheça alguém com quem não vá à bola, e que por acaso - num daqueles autoclismos de consciência libertadores, lhe calha a dizer das poucas e boas, habilita-se mais tarde ou mais cedo a reencontrá-lo. Como chefe, colega de trabalho, administrador de condomínio, como dentista ou pior ainda, como ginecologista.

Claro que nem tudo é mau. O twitter, por exemplo, permite-me entabelar conversações com o Ashton Kutcher, e isto, até há bem pouco tempo atrás seria praticamente impossível.

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