domingo, abril 4

almoço de páscoa

40 minutos de atraso - isenta de culpa. um pai danado porque o cabrito já tinha esgotado - o pai funciona muito com as glândulas salivares. a mesa virada para a porta, com corrente de ar fresquinha a dar no garganedo inflamado - mesmo como se gosta. a madrinha do ex namorado do sul ali sentada à mesa connosco - uma cena altamente surreal e improvável. uma jóia de moço, diz ela. que não sai à víbora da mãe, a comadre com quem já não se dá. não sabia. que ele está gordo. isso já eu sabia. a amiga solteirona da mãe. a mãe em si. um irmão com um olho negro porque na noite de véspera andou ao pêro na kapital - o resultado salda-se contudo positivo: facturou 3 gajas e agarrou-se a outras tantas. um bife de 3 metros, que não é só a sexta que é santa. a gula também. barulho como música de fundo. graças a deus há televisão. estaciono por lá o olhar e tranco os ouvidos no sótão enquanto deixo o pai fazer queixinhas nossas à madrinha do ex, que não sei onde estava com a cabeça, quando se lembrou de deixar o seu solarengo t2 no estoril para se vir juntar a esta desfuncional família para almoçar. e daí talvez estivesse nisto: as fotografias do último casamento a que foi - anda com elas na mala, como quem não quer a coisa. casamento de uma amiga na casa dos 60's e muitos que recasou com senhor na casa dos 70's e troca o passo. conheceram-se no cemitério - os jazigos da família são um ao lado do outro. está certo. o amor tem destas coisas. fúnebres. e a colectividade tem bailes ao domingo. não frequenta cemitérios com tanta assiduidade, mas para todos os efeitos também está viúva. cá fora, o sol. 20 metros à direita, o primeiro rapaz que beijei - precisamente a 2,50 metros para a esquerda do local onde me encontro. por baixo do coreto, onde, precisamente, a 20 cm da minha cabeça, lhe vi o rabo pela primeira vez. bons tempos esses.