sexta-feira, março 16

Ainda não tenho filhos, mas acho que pela primeira vez consigo verdadeiramente perceber porque é que a minha mãe nos ligava vezes sem conta para casa, quando nós éramos adolescentes e ela ainda estava a trabalhar: precisava de falar com alguém de quem gostava. Precisava de saber o que andávamos a fazer, para se distrair dos afazeres do trabalho.

Não havia facebbok, blogs, ou messenger. A janela de escape dela éramos nós. Fazia-o para ver se o tempo passava mais depressa, por isso ligava, duas, três vezes. E entristece-me. Porque como nós a achávamos chata, sempre com as mesmas perguntas, as mesmas conversas, não a tratávamos bem, respondíamos-lhe embrutecidos, "ó mãe que chata" - bom isto ainda acontece hoje, na verdade. Mas é uma pena, porque um dia sei que vou ter saudades de ter falado mais com a minha mãe, do que apenas ter trocado com ela indicações sobre distribuição de afazeres domésticos.

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