terça-feira, dezembro 7

O amigo oculto

Eu sou um bocado a anti-social aqui do burgo, mas a esta parvoíce do amigo oculto até acho piada. Deve ser porque, à parte do malfadado jantar de natal onde se trocam as ditas prendas ocultas, a coisa não exige grande convívio por aí além.

E acho piada porquê? Por causa das prendas. O que dar? Que partidas inventar? Há aqui raciocínio, lógica, há massa cinzenta a funcionar - ao contrario dos almoços de grupo onde se tenta fundamentalmente evitar os silêncios e o não ter nada para dizer. Bem, e as piadas relativas a quanto se ganha ou deixa de ganhar também.

E o que se dá? O que se recebe? Normalmente recebem-se coisas tão úteis como: sabonetes ou chocolates. Isto na versão simpática, porque depois há a versão não tão simpática, mas muito mais divertida que consiste em aproveitar a oportunidade em causa e a pessoa que nos calhou na rifa para dar os chamados presentes algo inapropriados: "quê, ainda não vestes o 38? mas até te achei mais magrinha, agora que andas no ginásio e tudo"; ou " olha Adalberto, vi este livro de inglês para tótós e lembrei-me logo de ti", ou talvez antes assim: "achei que ias gostar muito deste livro de auto-ajuda, é a tua cara"; e para rematar: "esta camisola angorá cor de rosa choque que encontrei na feira do relógio é super vintage, e vai super bem com aquelas tuas calças cinzentas de veludo, sabes, aquelas que parecem um pijama?".

Ai o natal, o natal.

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