- Boa tarde. Era um cacete se faz favor.
- Concerteza. Pode ser este assim?
- Dê-me antes o de trás, que gosto deles maiores.
- Aqui tem.
- Caralhotas não tem, não?
- Caralhotas já não. Tenho é uns papo secos quase a sair? Não quer levar uns? São bem bons!
- Está certo, então guarde-me uns dois ou três que vou só ali a peixaria haviar uma chaputa e já cá volto.
crónicas de uma taberneira
segunda-feira, julho 29
quarta-feira, julho 24
segunda-feira, julho 22
quinta-feira, janeiro 31
Sou uma Fácil
Ontem tive de ir ao Cascaishopping e acabei por passar pelo recentemente renovado Continente para comprar umas coisas que estavam em falta.
Nas palavras do gestor de Loja deles, o espaço foi renovado de forma a cruzar o saber de especialistas com o look and feel dos mercados tradicionais. E há que dizer que a coisa resultou muito bem.
O espaço é grande, mas seduz. Damos por nós a gastar muito mais dinheiro do que prevíamos, simplesmente porque tudo está melhor arrumado, com bom ar.
Até a zona de beleza passou a ter o mesmo aspecto das perfumarias e lojas de make up. Com direito a corners para massagens e manicure.
Enfim. Adoro mercados. Perco-me por eles mesmo. E só tenho pena que este tipo de coisas não possa existir um pouco mais pelas ruas mesmo, ao invés de se concentrar em grandes superfícies comerciais.
Mas claro, todos sabemos que pequenos comerciantes não têm os mesmos recursos, nem têm acesso ao mesmo know how que estas cadeias.
Enfim, de qualquer forma brindo a estas mudanças e a este regresso às origens. A este elogio a uma vida mais calma e natural. Só tenho pena que seja em certa parte um regresso artificial. Que tenhamos destruido todos estes mercados e tipos de loja, para passarmos a sentir falta deles e a ficar contentes de os ver aqui, de certa forma, retratados.
quinta-feira, janeiro 24
A vida repete-se todos os dias. Levantar.
Abrir a porta. Ligar a ventoinha. Pôr a água a correr para aquecer. Acordar
após 5 minutos de banho. Ensaboar corpo e cabelo. Passar por água limpa. Secarmos-nos e sair.
Voltamos entre 10h a 12 horas depois. Pelo
meio, o tempo passou sem sabermos muito
bem como. Ou a fazer o quê. E nas 2 ou 3 horas de “descanso” que nos restam,
dividimo-nos entre loiça, roupa, pó e refeições, para logo em seguida sintonizarmos
na vida dos outros, para, por uns momentos
apenas, nos esquecermos da nossa.
Depois, de vez em quando, lá surge um
programa digno de assinalar na agenda – como os meus novos almoços de quarta-feira
entre irmãs. Ou o jantar de ontem em casa do sogro, ou o que vou ter logo à
noite com os amigos do peito.
Os sábados – tirando o último de ventania
dentro e fora de mim, têm sido dedicados ao workhop de teatro. Mas este que vem
é já o último. E como tal, já ando a pensar num novo desafio que me ocupe o tempo livre que tenho de forma a tirar mais proveito desta coisa que é ter uma vida - afinal, agora que finalmente já uso óculos, está na hora de a começar a ver com outros olhos.
Os domingos são para a família. A de onde vim, à que fui parar e a que estou a criar. É um ciclo galopante. Estou com um pai nos 59 e uma mãe nos 63. Sei que esta coisa do meu pai me chamar filhota e eu me derreter toda é um miminho bom que não vai durar para sempre. E percebi, inexoravelmente, que embora ainda precise de colo, são eles que estão na fase de o levar.
A vida repete-se todos os dias....
terça-feira, janeiro 1
2012
Injustamente, talvez, mas não gostei de 2012. E digo injustamente, porque foi talvez dos anos mais importantes da minha vida. Afinal, foi o ano em que saí de casa. Mas isso, combinado com um trabalho mais exigente, e algumas situações familiares menos agradáveis, fez com que no fundo fosse obrigada a crescer. E crescer raramente se faz sem dor. Talvez por isso, volta e meia, dei por mim a sentir-me estranha. Meio à procura de mim mesma. à procura do meu novo papel, ou dos vários papéis que é suposto eu saber desempenhar. Insegura sobre a minha capacidade para o fazer. Insegura se o sei fazer. No fundo, foi um ano em que nem sempre me senti muito bem. Confiante. De bem comigo mesma ou com a vida em geral.
Ironicamente, ou não, foi depois de ter saído de casa que senti necessidade de resgatar laços familiares. Com irmãos, pais, tios. E penso que o consegui fazer.
Como tal, e embora em 2013 isso seja algo que pretendo continuar a fazer e investir, em 2013 quero focar-me mais em mim. Resgatar-me a mim. Explorar. Perceber o que quero eu da vida e o que estou a fazer para o alcançar.
- uma ida caricata ao hospital para tirar uma espinha que ficou presa nas amígdalas
- o último abraço à minha cadelinha, fiel companheira dos últimos 13 anos
- o olá a dois gatinhos lindos
- uma casa à imagem dos meus sonhos
- uma nova colega de trabalho que me veio tornar mais fáceis os dias de trabalho
- uma viagem a Sevilha
- o casamento da minha melhor amiga e o filme que lhe fiz de presente - que me obrigou a ir para a rua, e sair da minha zona de conforto
- ter participado na minha primeira manifestação
- o primeiro natal na minha casa, toda decorada com coisas palermas que eu adoro
- ter riscado da lista de To do's : "voar de balão" (não gostei, mas isso é outra história)
- bons velhos amigos
- acordar todos os dias ao lado de quem sempre quis
- um anjo protector do outro lado do oceano a cuidar de mim, a puxar por mim, a esculpir a minha confiança
- e uma receita para aviar um par de óculos
Sei que 2013 já é tido como o ano horribilis, mas sinceramente, sinto ( e espero) que para mim vai ser melhor que 2012. Sinto que me vou sentir melhor. Mais forte. Mais eu.
Afinal como diz esta música: "A vida é pra viver. A vida é pra levar"
terça-feira, dezembro 18
O drama
Ontem fui ver o Senhor Doutor. O tal que lê entranhas (
gastroenterologista parece nome de doença, não de especialidade).
Mandou-me fazer mais análises. Tenho as bilirrubinas
alteradas. Queixume leve. Nada que impressione, meta respeito.
Ele não me explicou, mas pelo que li no Google, tiram-me
agora mais uma gota de sangue vermelha, para no fundo me dizerem mais tarde que
é por isso que sou amarela.
Grande coisa, pensei eu. Preciso lá eu de tirar sangue
para saber isso. Bilirrubinas, está bem. Que maleita mais absurda. Se isso é la
coisa que se possa contar às pessoas. Sim, porque se não for para fazer com que
os outros se compadeçam de nós, para que servem as doenças afinal? Uma úlcera
ainda vá que não vá, agora isto das Bilirrubinas não me serve para nada.
Fui para casa algo contrariada confesso. Isto de ir ao
médico e no fim de contas não ter nada é um pouco desapontante. Bom, pelo menos
posso continuar a comer todo o tipo de batatas fritas e chocolates. Que isso
sim, seria verdadeiramente dramático.
O drama?
Entretanto andei ontem a pesquisar “famosas de óculos”
para ver se me inspiro. Tudo porque no sábado descobri que vou precisar de usar
uns óculos para descanso - o que é uma expressão algo absurda, visto que a
vista não vai estar propriamente a descansar, simplesmente não vai ter de se
esforçar tanto. Mas adiante. A pesquisa não me adiantou grande coisa, também
não lhe dediquei muito tempo. Reparei apenas que está muito em voga os chamados
óculos olhos de gato. O que pude confirmar hoje de manhã no comboio, assim que
avistei uma jovem envergando os seus, com um poney tale bem apanhado,
sobrancelhas devidamente delineadas e batom vermelho nos lábios. Os anos
50 revisitados. Mas achei demasiado para mim. Vou ter de pesquisar mais e
melhor. Mas já sei que escolher o par perfeito vai ser o drama. E nem vamos
falar do que me vai custar. Olhar para o preço é contra-indicado. Mesmo para
quem vê mal, ou tenha a vista cansada, é coisa para nos por a lacrimejar.
“O” drama!
Mas antes disso ainda andei a pesquisar algo mais importante
– sim que ontem para além de ter passado a ferro umas quantas camisas, de ter
resolvido um slogan em três tempos ao telefone, e de ter tido uma reunião
proveitosa com um cliente, não foi um dia assim lá muito produtivo. Por isso
dediquei-me a estudar o meu arqui-inimigo. Aquele que me quer deitar abaixo,
que me quer derrubar. Deus meu ( agora sim, o drama) aquele que me pode matar!
A Humidade. Tenho a casa cheia de humidade. A roupa no armário tresanda. Nos
meus sapatos sinto saudades do cheiro a chulé - nalguns inclusivamente já
nasceram frondosos relvados de bolor. E posso jurar que o meu colchão neste
momento já não é feito 100% de algodão. Uns 70% pelo menos já são humidade.
Mofo fofinho. A arma secreta para a combater? Um desumidificador – ia para
dizer que adquirir um é coisa para me custar os olhos da cara, mas nesses já
vou gastar o suficiente. Vou ter de chamar o senhorio. Dar-lhe todo o
diagnóstico. Fazer-lhe o queixume. No final, rematarei: “Terá de fazer
alguma coisa. Esburaque paredes homens! Sei lá eu! Oiça, perceba isto: viver
nestas condições não se pode. É perigoso. É problemático. Aliás, digo-lhe mais,
viver nestas condições é dramático!”
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